domingo, 2 de dezembro de 2007

Ponto fora da curva

Uma vez um amigo me disse que eu sou um ponto fora da curva, quer dizer, que não sou igual as garotas consideradas normais. Na hora considerei isso um elogio, na verdade continuo considerando e não sei algum dia isso vai me parecer algo não elogioso, mas o que importa, o que me fez começar a falar disso foi o “porque” dele ter dito isso, o porque de eu resolver falar disso agora e aqui eu explico mais pra frente.
Um dia, estávamos eu e esse amigo (o Gui, ou Lab, ou Pingüim Feliz, que foi meu professor no cursinho e passou a ser um grande confidente ^^), conversando sobre como é estressante essa mania, que a maioria das mulheres tem na hora de comprar roupa, de experimentar a loja inteira, mesmo que a loja não seja exatamente o estilo dela, ou não esteja exatamente no tipo físico dela e também o fascínio e fixação que a grande maioria das mulheres tem por fazer compras, por entrar em trocentas lojas e torrar a maior grana possível com artigos que talvez ela não use mais de duas vezes! Estávamos falando sobre isso e ele estava dizendo que odeia acompanhar esse tipo de passeio e eu disse que também detesto, até porque sou praticamente o extremo oposto, detesto “ir as compras”, por exemplo, quando preciso comprar uma roupa eu vou numa loja que já conheço, ou que pelo menos tem cara de ter o tipo de roupa que eu gosto e vou direto no balcão ou nas araras onde está o que eu procuro e já vou logo selecionando o que tem ou não a minha cara, nessa seleção já excluo as peças muito chamativas, muito caras ou que não são do meu tamanho, conclusão: quando e se eu vou pro provador só não levo a peça se ela não cair bem, resultado: minhas compras só demoram porque eu sou chata para achar algo que se encaixe no meu gosto, mas ao invés de demorar duas horas numa única loja, eu demoro duas horas pra passar em mais de meia dúzia de lojas! E só faço isso em caso de realmente precisar comprar alguma coisa, porque eu detesto do fundo do coração essa coisa de enfrentar lojas e vendedores e, principalmente, de gastar dinheiro comigo ¬¬
(até porque pra dar presente pros outros eu sou a criatura mais mão aberta do mundo!)
Nesse dia ele me chamou de “ponto fora da curva”, comentei isso com algumas pessoas que me conhecem e que disseram que eu sou mesmo um pontinho fora da curva e fiquei toda feliz, pra alguém que detesta a normalidade e tenta não ser igual aos outros, esse foi um dos melhores elogios que podia ser feito! Conversando com Othon um dia, ele concordou também com isso, mas isso fica pra outro post (porque eu escrevi aqui e ficou enorme o.O), ok?!
Bom, comecei esse post porque estava pensando nisso hoje enquanto analisava o que dar de presente pra minha irmã e pro meu namorado no Natal (eu to falida, então acho que poucos vão ganhar presentes mesmo, a maioria das pessoas vai ficar só com o cartão que eu faço, mas que pelo menos é personalizado né? rsrsrs). Não vou contar hoje o que decidi dar para eles porque senão esse post não acaba nunca e também porque não quero o Papai Noel copiando minhas idéias ¬¬
Pensando nisso eu me lembrei que sempre que pensava em que presente dar pra Othon só me passavam pela cabeça (ok, eu confesso, ainda passam) coisas muito caras, porque ele adora tecnologia e isso é caro pra caramba, mas quando eu fui dar o presente de um ano de namoro pra ele (detalhe: praticamente um mês adiantado porque só completamos um ano no dia 11 desse mês!) eu comprei um livro do Snoopy com as melhores tiras de amor, ou de dia dos namorados, tanto faz e ele simplesmente adorou! Fez uma cara de criança que tinha acabado de ganhar o melhor presente do mundo e aquilo me deu uma baita satisfação porque eu adoro presentear os outros.
Foi aí que me toquei que ele é parecido comigo nesse ponto, gosta de coisas mais singelas, mas que tenham um toque de “pensei realmente em você pra escolher esse presente” e um dia conversando com umas amigas eu descobri que a maioria das garotas não é assim.
Eu disse que, por exemplo no meu aniversário, prefiro uma flor que a pessoa colheu no meio do caminho porque não teve tempo, ou porque tinha esquecido da data, do que uma coisa super cara mas que foi comprada sem a pessoa realmente pensar em mim. Quase fui linchada nesse dia! Todas foram unânimes em dizer que preferem algo, segundo algumas “mais duradouro” ou, segundo as mais diretas “mais caro”, ou seja, lá foi mais uma coisa pra minha lista de “porque sou um ponto fora da curva” rsrsrs.

Agora, porque diabos eu gastei todo esse espaço pra falar disso? Bom, eu podia ser totalmente grossa e dizer que é porque o blog é meu, mas na verdade é porque Othon vem pouco aqui então sei que é bem pequena a chance dele ler a listinha ^^ Lista do que? Oras, do que eu gostaria de ganhar esse ano no Natal! (listinha materialista, se alguém vier só com o tradicional “Nossa, amei esse cartão que você me deu” já vai me arrancar lágrimas tradicionais e sinceras e eu vou ficar mega feliz hehe)

Ei-la:
1- Um mp3. É, uma viciada em música que nem eu ainda não tem um mp3 e tem uns bens legais no Stand Center por 50 reais, ou se a pessoa quiser gastar mais, junta outros 80 reais (totalizando 130) e compra o ipod de 2gigas que também ta a venda lá ^^
2- Uma câmera digital decente, com um zoom que não deixe as fotos totalmente desfocadas, que grave áudio quando eu gravar um vídeo e que não deixe as fotos totalmente granuladas, como faz a câmera da minha irmã, nem photoshop deixa aquelas fotos decentes!
3- O box da coleção do Calvin e do Haroldo, é lindo ^^
4- Um tênis decente, porque o meu já ta nas ultimas (nº35-36)
5- Uma mala com rodinhas, média ou grande, qualquer uma das duas ajuda, antes que eu peça arrego de tanto carregar mala, ou tome vergonha e comece a fazer musculação ¬¬

Hum, acho que é isso. Agora antes que você comece a coçar a cabeça e se perguntar “porque diabos não é pro namorado dela ler a lista se isso iria facilitar a vida do rapaz na hora de escolher um presente pra ela?”, eu explico: é que ele tem mania de pagar tudo o que gastarmos quando saímos, se respirar pagasse imposto, ele pagava a minha parte enquanto estamos juntos! Eu não gosto disso, nunca gostei de fazer alguém gastar dinheiro comigo, então prefiro que ele não saiba dessa lista e me de qualquer coisa, um abraço e um beijo já estão de ótimo tamanho, no Natal ^^

Ainda bem que eu assumo meu lado ponto fora da curva né? Muitas outras garotas já teriam depenado meu namorado de tanto pedir presentes! Se bem que as vezes eu lembro que ele é um homem e portanto eu to sendo boazinha demais com ele ¬¬

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

As coisas continuam as mesmas

Época de eleição aqui na universidade, mas agora uma eleição mais brava, pro DCE (Diretório Central dos Estudantes), então a situação está mais...quente, vamos assim dizer.
Aqui na história não dá pra ir pra aula sem ser abordado por umas três chapas diferentes tentando te vender o peixe delas, quase te coagindo a votar. Honestamente isso é um saco. Tudo bem a panfletagem, acho isso necessário, senão nem saberiamos em quem votar, mas esse lance deles ficarem ali toda hora te perguntando "já votou" e falando "vote em nossa chapa", já deu na minha paciência!
No final todos tem alguma filiação ou participação de algum partido, a grande maioria de esquerda e, quem quer que seja eleito, vai transformar o DCE numa arma política. Isso é visível em algumas campanhas partidárias, como a da chapa apoiada pelo PSTU, se não fossem os cofres do partido dificilmente uma chapa formada por estudantes teria conseguido distribuir tantos panfletos, fazer tantos cartazes e distribuir tantos adesivos, o que mais me indigna é que esse pessoal nem ao menos tem a decência de colocar em seus panfletos "Somos do PSTU", honestamente, eu não sou nada fã do PCO (Partido da Causa Operária), mas pelo menos o pessoal deles já vem avisando quem são e a quem são filiados e os menos informados sobre a campanha ficam mais esclarecidos.
Todas as chapas tem um partido, ou pelo menos são identificáveis como filiadas a algum movimento...bom, pelo menos assim fica fácil explicar pro pessoal quem é quem na votação.

Reproduzindo um diálogo meu com um amigo, com as mãos cheias de panfletos das chapas, ontem antes da aula do noturno (na verdade tem um pouco de um diálogo posterior a aula também):
"Essa chapa aqui ó!"
"Que que tem?"
"Filiada ao PSTU, essa outra aqui ao PSOL, essa ao PT e essa é a do pessoal do MNN"
"MNN?!"
"Movimento da Negação da Negação"
"Ah!"
"E qual é a da atual gestão?"
"Essa daqui, daquela garota que veio aqui, maior sotaque de carioca sabe?"
"Ah! Sei...e eles fizeram uma boa gestão?"
"Bom...isso depende do ponto de vista né? Porque eles foram contra a ocupação da reitoria e tals..."
"Entendi..."

Pelo menos agora ele sabe em quem vai acabar votando!
Eu? Já decidi meu voto, é como me disse o Gui ontem "nenhuma dessas chapas me representa, mas vou votar na menos pior", ultimamente na política essa é a única salvação e se é verdade que esse pessoal que está aqui hoje vai disputar os cargos políticos do futuro, essa vai ser a realidade por muito tempo ainda...

sábado, 24 de novembro de 2007

Capitulo 2 (ou é a parte 2 do capitulo 1?)

Se Arthur podia ser resumido em uma palavra, para Amanda essa palavra era “competitivo”, desde a primeira conversa, sempre que eles discutiam o que quer que fosse, ele queria ganhar, isso muitas vezes era cansativo, mas ao mesmo tempo divertido, principalmente porque ela também gostava de discutir e ganhar.
Logo eles chegaram ao edifício onde Arthur morava que desceu do carro e ofereceu a mão para ajuda-la, quando Amanda desceu do carro quase engasgou pela segunda vez naquela noite, ela conhecia um pouco de imóveis, até porque esses eram um de seus principais investimentos e o prédio diante do qual estavam era um dos metros quadrados mais caros da cidade e era ali que Arthur morava.
“Decididamente garota, esse cara é exageradamente mais rico do que você imaginava”
Eles entraram no luxuoso hall do edifício e foram direto para o elevador, em alguns segundos, Amanda não sabia precisar quantos, mas definitivamente foi em menos de um minuto, chegaram ao apartamento de Arthur.
Assim como Amanda, ele morava sozinho há algum tempo, mas diferentemente dela, ele tinha empregados para cuidar do apartamento e quando Amanda entrou nele entendeu porque, era simplesmente enorme e certamente um rapaz que morasse sozinho, trabalhasse e estudasse jamais teria tempo para deixar um apartamento tão organizado e limpo como aquele estava.
Arthur ligou uma luz indireta e ela pode ter uma visão parcial da decoração apurada do apartamento, certamente aquilo era obra de algum decorador, mas Amanda não podia negar que ainda assim a sala tinha uma aparência extremamente confortável, com dois sofás espaçosos e de aparência macia, um dos quais coberto parcialmente por uma manta de algodão cru.
-- Quer beber alguma coisa? – Arthur perguntou – Água, vinho, refrigerante, chá, suco? Só não ofereço café porque não sei fazer.
-- Aceito o vinho – Amanda respondeu sorrindo.
-- Tinto e seco não é? – Arthur perguntou com um leve sorriso.
-- Isso mesmo – concordou ela aumentando o sorriso.
Arthur serviu o vinho para os dois e a convidou para se sentar.
-- E o problema que você tinha que resolver? – Amanda perguntou para logo depois se arrepender, “e se eu estiver sendo invasiva?”
-- Agora eu preciso esperar os papéis chegarem, Augusto foi busca-los para mim, a burocracia para que você conseguisse entrar no prédio onde fica o escritório seria enorme, então pedi para que ele os trouxesse aqui.
-- Augusto é seu motorista?
-- Isso, motorista, segurança e mordomo.
-- Nossa! Sabe, devo confessar que estou surpresa, você já havia me contado que era rico, mas eu não imaginava que era tanto, só esse apartamento é uma fortuna, sei disso porque andei pesquisando comprar ou não um nesse mesmo prédio.
-- E decidiu por?
-- Comprei e aluguei, imóveis são bons investimentos.
Arthur concordou com a cabeça enquanto colocava a taça na mesinha em frente ao sofá.
-- Imóveis são um investimento seguro, dificilmente se desvalorizam tão rápido quanto ações – respondeu Arthur – e por falar em ações, como vão aquelas em que te convenci a aplicar algum dinheiro?
-- Você sabe que vão muito bem – Amanda respondeu rindo – não se faça de desinformado e por sinal, obrigada pela dica.
-- Não tem de que, você sabe que isso faz parte do meu trabalho.
Uma das grandes ironias daquela relação é que Arthur era sócio de uma firma de advocacia que prestava assistência justamente para Amanda, desde o dia que descobriu isso ele fez questão de cuidar pessoalmente dos interesses dela, inclusive dando-lhe dicas de onde seria melhor investir seu dinheiro.
-- É, mas aquela dica foi por baixo dos panos, você me avisou antes mesmo da informação ser passada para o público em geral...olha...isso pode ser útil pra mim, se algum dia precisar posso te chantegear com isso!
-- Você tem provas?
-- Eu gravo todas as nossas conversas!
-- Eu também – respondeu Arthur sentindo-se enrubescer.
Nesse momento o celular dele vibra de novo e mais uma vez pedindo licença ele se afasta para atender ao telefone.
Amanda fica observando-o, a maneira como ele inclina a cabeça ao ouvir, o leve franzir das sobrancelhas, o óculos de armação fina, os lábios cheios e bem desenhados, sem serem femininos, o maxilar bem definido, ombros retos, ele era o tipo físico pelo qual ela sempre se sentira atraída, alto e magro, Amanda simplesmente não entendia a tara da maioria das mulheres por montes e montes de músculos, “afinal se querem só isso era mais fácil jamais termos saído das cavernas!” ela pensou olhando pra o tapete e rindo.
-- Correndo o risco de ser intrometido, mas o que é tão engraçado?
-- Eu estava pensando na fixação que certas mulheres tem por montes de músculos nos homens, do tipo Arnold Schwarzenegger, sorte que nem todas são assim, senão estaríamos até hoje nas cavernas! Não me sinto nem um pouco atraída por esse tipo de cara.
-- E qual tipo você prefere?
-- Você – Amanda respondeu de ímpeto e teve vontade de cortar a própria língua um milésimo de segundo após a resposta ter saído de sua boca, sentia seu rosto arder de vergonha, jamais era tão desinibida nas respostas, mesmo via internet.
Arthur um tanto desconcertado inclinou-se para pegar sua taça em cima da mesa, esbarrou nela que quase caiu mas conseguiu pega-la e tomar um gole, apesar do leve tremor de suas mãos.
“Pense assim, pelo menos ela te acha atraente, agora é com você mostrar que também acha isso dela...se bem que linda desse jeito ela deve atrair todos os caras que se aproximam!”
“Esse com certeza deve ser o gole de vinho mais longo da história da humanidade”
pensou Amanda “mas ele tem razão, isso lá é coisa que se diga assim na lata pro rapaz! Se duvidar agora ele ta pensando em um jeito de me dispensar...parabéns senhorita Amanda, estragaste tudo!”
Arthur voltou a colocar a taça, agora vazia, na mesinha e aproveitando desse momento em que ela não podia ver seu rosto disse:
-- Bem...você também é o tipo de garota que eu gosto...quer dizer...não que eu me sinta atraído por você só porque você é linda, e isso com certeza você é, mas você também tem um jeito que...que...
-- Que?
-- Que é irresistível. Amanda, com licença – Dizendo isso Arthur se inclinou e a beijou.
Um beijo leve a principio, só o toque dos lábios inicialmente, mas quando a língua dela encostou na dele foi como um pequeno choque elétrico e Arthur a puxou para mais perto de si, entrelaçando os dedos nos cabelos dela e aprofundando o beijo.
Para Amanda aquilo ainda era um pouco irreal, ela se sentia extremamente atraída por ele há meses, mas nunca imaginara que era recíproco e mesmo quando Arthur sugeriu que eles se encontrassem ela não imaginou que eles pudessem acabar se beijando e nem que o beijo dele fosse tão bom, ela podia sentir a maciez dos cabelos dele, a barba levemente áspera, o cheiro amadeirado do perfume e as mãos que a puxavam de encontro a ele de maneira firme.
Nesse momento a campainha toca, uma, duas, três vezes, até que eles escutem. Soltando-a relutantemente Arthur vai abrir a porta, pega a pasta com os documentos que precisa assinar e dispensa o motorista.
Fecha a porta e lentamente volta para o sofá, deixa a pasta em cima da mesinha e olha para Amanda que sorri encabulada e diz:
-- Licença para isso você pode ter certeza que tem.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Capitulo 1

Arthur entrou na sala meio escura onde a música tocava em alto volume, logo notou no centro da sala uma menina que dançava de olhos fechados, sem se importar com ninguém que a rodeava.
“Só pode ser ela” pensou consigo e decidiu esperar a música terminar antes de ir até ela, ficou observando-a, a maneira graciosa como ela se movia ao som da guitarra, o movimento dos cabelos ondulados, a forma como a leve luz se refletia em seu sorriso.
Os acordes da música se tornavam mais baixos, anunciando seu fim, ele se aproximou vagarosamente dela e no exato momento em que a música terminou ele estava a seu lado. Sabia que agora a atenção que ela chamava também estava sobre si, mas não se importou.
Amanda abriu os olhos com o final da música e deu de cara com aquele rapaz parado ali a sua frente, sem se mover, como se não tivesse dançado, mas agora era justamente o intervalo de segundos entre uma música e outra e ele podia simplesmente ter parado um segundo antes dela, não era necessariamente o rapaz que ela esperava, ou era?
Ele a encarava sério, sem uma palavra simplesmente estendeu a mão para ela que aceitou e foi levando-a para fora da sala, enquanto outra música tocava.
Atravessaram a sala semi escura, passaram pelo corredor iluminado e saíram para um jardim agradável, com arbustos bem podados e bancos espalhados, alguns ocupados por casais levemente bêbados se agarrando. Conduziu-a até um banco vazio e se sentaram em silêncio.
Amanda sorriu olhando para os olhos azuis escuros do rapaz a sua frente.
“Só pode ser ele, se não for então é muita coincidência” ela pensou.
Observando o sorriso e os olhos acinzentados da garota, Arthur teve certeza de que ela era a menina com quem conversara nos últimos meses e com quem marcara o encontro naquela festa, da qual teve que descobrir o endereço de última hora, pois aquele havia sido o desafio que ela lhe propôs, descobrir em qual festa estaria e descobri-la no meio dos convidados.
Podia-se ouvir a música que continuava tocando na sala, Amanda sentia o cheiro do perfume caro dele apesar da distância de mais de um braço, sorrindo ainda e olhando no fundo daqueles olhos azuis escuros ela perguntou em voz baixa:
-- Arthur?
Ele simplesmente acenou com a cabeça concordando. O sorriso dela se aprofundou, mesmo que ainda estivesse insegura, afinal mesmo depois de conversar por meses com ele via internet, sua timidez ainda era grande e o fato dele ter aceito seu desafio e ter conseguido encontra-la só a deixava ainda mais constrangida.
Nesse momento o celular de Arthur vibrou no bolso de sua jaqueta, depois de pedir licença e se levantar ele o atendeu. Amanda continuou sentada, ouvindo a música lenta que agora saía das caixas de som, tentando ignorar o nervosismo que sentia e pensar em algo inteligente ou pelo menos agradável para falar quando Arthur desligasse o telefone.
Arthur se sentia levemente aliviado pelo toque do telefone, nunca fora bom com garotas, aquela era a primeira vez em seus 22 anos de vida que se sentia tão atraído por uma garota, grande parte dessa atração era pela inteligência e humor de Amanda já que aquela era a primeira vez que ele a via.
Amanda observava Arthur de costas, ele mantinha a postura ereta, elegante, falava baixo ao celular então ela não tinha idéia de sobre o que ele falava, sua vontade era levantar daquele banco e sumir o mais rápido possível, uma voz em sua cabeça, a voz da sua parte mais medrosa, quase gritava isso dentro dela, mas não, ela iria se manter firme e ao menos tentar conversar com o rapaz. Nesse momento ele desliga o telefone e volta a se sentar a seu lado, e era impressão sua ou mais perto que antes? Antes que ela pudesse analizar isso Arthur falou e sua voz era exatamente como sua postura, elegante, quase graciosa, mas sem ser afeminada.
-- Aconteceu um pequeno problema e eu preciso resolve-lo imediatamente.
“Ah sim” Amanda pensou “O problema é que eu não sou nada daquilo que você imaginava e agora precisa dar no pé imediatamente” mas respondeu o mais educadamente possível:
-- Tudo bem – e sorriu levemente.
-- Mas Amanda...
-- Sim?
-- Eu gostaria que você fosse comigo, não é nada demorado nem muito complicado, só algumas assinaturas um pouco urgentes e...e bem, nós demoramos tanto para conseguirmos nos encontrar, mas...mas se você não quiser ir tudo bem, você deve estar com seus amigos aqui e eu não quero estragar sua festa é só que...só que eu queria conversar com você, pessoalmente sabe...mas se você não quiser tudo bem...
Arthur estava começando a se irritar consigo mesmo, nunca gaguejara antes e em sua primeira conversa com Amanda não conseguia parar de gaguejar, essa atitude não se parecia em nada com ele, mas para sua surpresa Amanda sorriu feliz e respondeu:
-- Eu vim sozinha e a festa nem estava tão boa assim, não me incomodo em ir com você.
-- Certeza? Você parecia estar se divertindo tanto quando eu cheguei...
Arthur pensou logo em seguida “Ok idiota, agora parece que você não quer a companhia dela e estava perguntando só por educação! Conserte isso agora!”, mas antes de conseguir articular mais alguma frase Amanda respondeu
-- Eu vim mais para ver se você ia me encontrar mesmo e achei que ficar parada num canto iria só facilitar sua vida – Amanda riu ao mesmo tempo em que pensava “Isso garota, mais uma frase como essa e você pode se colocar em uma bandeja pra ele, com um belo laço!”
Arthur então ofereceu a mão novamente a ela e juntos foram andando até o carro que os esperava na calçada, um Mercedes preto de vidros escuros. Ele abriu a porta do carro pra ela que já se perguntava se sua sanidade mental estava intacta, afinal estava entrando no carro de um rapaz que só conhecia pela internet, mas havia em Arthur algo que lhe inspirava confiança, mesmo sabendo que jamais deveria contar para a mãe o que estava fazendo, sob o risco de vê-la ter um ataque histérico.
Sentada no banco de trás do carro Amanda logo percebeu que Arthur era realmente rico, não apenas o carro era importado, com bancos de couro extremamente confortáveis, como não era Arthur quem dirigia, ele tinha um motorista particular! Algumas pessoas podem achar isso normal, mas para alguém que vinha de uma família simples e que só conseguira juntar algum dinheiro porque tivera boas idéias, aquilo era algo um pouco fora da realidade para Amanda.
Aqui vale a pena contar um pouco sobre a vida de nossa personagem: Amanda. A filha mais nova de três irmãos, segunda menina, entrou para a faculdade aos 17, um ano após desenvolver, um pouco por acaso, um pouco por curiosidade e com a ajuda do irmão formado em química, um tecido de camuflagem que quando usado impedia que o calor do corpo ou do objeto sob ele fosse detectado, a patente fora registrada em seu nome, mas ela vendeu o invento para os militares, num contrato que garantia uma soma obscena de dinheiro para a conta dela e a passagem da patente para eles, com a garantia de que ela não passaria nenhuma informação sobre o tecido para ninguém durante 5 anos, assim os dois lados ficaram extremamente satisfeitos com o negócio e Amanda pudera melhorar a vida de sua família e a sua própria e hoje, aos 21 morava sozinha em um apartamento espaçoso, numa das regiões mais valorizadas da cidade.
Conhecera Arthur há cinco meses, numa discussão em um fórum da internet sobre a obra de um escritor, os dois defendiam posições contrarias sobre o significado de algumas metáforas desse escritor e a discussão se alastrara da página do fórum para os emails dos dois, até o dia em que Amanda conseguira fazer contato com o escritor e descobrira que tanto sua interpretação,quanto a de Arthur eram incorretas, o que gerou muitas outras conversas, agora num tom muito mais amigável, entre eles. Depois de meses de conversa eles haviam marcado o encontro e, como Arthur gabava-se de suas capacidades investigativas, Amanda o desafiara e agora eles estavam ali, no carro dele. Ela já sabia que ele era rica, muito rico, ou melhor, que a família dele era rica, mas honestamente não imaginava que era tanto assim.
Com o carro já em movimento, depois de Arthur ter dito para o motorista leva-los para sua casa, Amanda observava a paisagem repassando mentalmente suas conversas com ele, tentando encontrar algo sobre o que falar naquele momento, enquanto isso Arthur a observava, tentando absorver cada detalhe, a pele quase translúcida, o cabelo castanho escuro caindo em ondas pelos ombros, a boca bem desenhada, a curva delicada do pescoço, a blusa preta com um discreto decote que salientava os seios fartos, a calça jeans azul escura não muito justa, a jaqueta jeans no mesmo tom, as pulseiras de prata e o cordão com um pingente pequeno de cristal em forma de coração, o perfume leve, não muito adocicado, ainda estava um pouco atordoado com a tentativa de reter os detalhes da garota ao seu lado quando percebeu que ela falara alguma coisa.
-- Desculpe, o que você disse?
-- Perguntei se você demorou muito para descobrir onde eu estaria – Amanda repetiu com um sorriso.
-- Um pouco, na verdade eu simplesmente verifiquei as listas das festas grandes e como não a encontrei em nenhuma delas procurei quais as festas pequenas nas quais você iria, ou seja, aquelas em que a música predominante fosse rock – Arthur respondeu sorrindo pois sabia dos gostos musicais de Amanda – por sorte te encontrei na segunda festa em que fui.
-- Parabéns então, mas nem combinamos o que você ganharia caso conseguisse me encontrar.
-- Ganhei o prazer de ganhar de você – ele respondeu sorrindo mais ainda.
Amanda riu e concordou com a cabeça, aquilo era esperado dele, ganhar pelo simples prazer de ganhar.
(Fim do capitulo 1)


Ou pelo menos da primeira parte do Capitulo 1, comecei a escrever isso do nada agora a noite, a historia veio vindo sem eu nem entender e sinceramente nem sei como e se vai continuar.
Postando ela aqui mais por postar e pra pedir opinião de Gui do q pra qqr outra coisa =P

sábado, 13 de outubro de 2007

O tempo passa...

Pois é, o tempo passa, pra todo mundo, em qualquer lugar, mesmo que tentemos lutar contra, ele acaba passando, inexorável, sem deixar sequer espaço para alguma tola tentativa de segurarmos ele.
O tempo passa e um dia percebemos isso, pode ser ao olhar uma velha caixa de recordações, ao abrir o pote de biscoitos e percebermos que estão todos murchos, ao encarar uma tia que não vemos há muito tempo e percebermos as marcas da idade nela.
Tem horas em que eu odeio que o tempo passe, tem horas em que adoro, mas geralmente eu me assusto com a rapidez com que ele passa e com que eu estou crescendo.
Fui ontem visitar meu ditchan e foi estranho vê-lo já em idade tão avançada, talvez seja só porque fazia semanas (ou meses?) que não o visitava, talvez porque de alguma maneira estranha ele envelheceu mais nesses dias, mas sei que finalmente me dei conta do peso dos 81 anos dele, finalmente me dei conta de que não vou ter sua presença perto de mim para sempre, mas pelo menos descobri, pelo brilho nos olhos dele, o orgulho que ele está sentindo de mim, mesmo que tudo o que estou conquistando não esteja deixando muito tempo para ele na minha vida, mesmo que agora nossas conversas, que já eram raras nos últimos tempos, tenham rareado mais. Ainda não tinha me dado conta da magnitude da importância que orgulha-lo, tem para mim, talvez seja só porque eu sou muito apegada a minha família, talvez seja só porque ele é que ficou inúmeras vezes me falando que para ser alguém na vida eu tinha que estudar bastante, talvez seja só porque eu herdei alguns dos dons dele, não sei porque, mas saber que ele sente orgulho de mim foi uma das coisas mais legais que me aconteceram.
Depois de conversarmos um pouquinho, fomos andando até o refeitório do asilo onde ele mora, ele andando lentamente com o andador e eu do lado, com a mão nas costas dele, como sempre faço, foi ali que me dei conta de como ele está ficando encurvadinho, ele não tinha uma coluna muito reta porque sempre trabalhou na terra e passava muito tempo curvado, mas agora ele está mais encurvado do que antes e naquele momento eu me lembrei da primeira vez que eu percebi que estava mais alta que minha batchan, eu devia ter uns 10 anos, acho que ali foi a primeira vez que eu percebi que estava mesmo deixando a infância pra trás, exagero achar isso aos 10 anos? Talvez, mas eu sempre fui assim mesmo, exagerada e isso é algo que tempo algum vai conseguir mudar em mim!


Ouvindo: Conta Outra – Maria Rita




P.S: Se você não percebeu a ironia da última frase o post perdeu metade do sentido =P

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Reclamações...mas quando é que eu não reclamo de algo?!

Acho que estou um pouco decepcionada com minhas próprias ilusões do início do ano, acho que via as pessoas como melhores (muito melhores) do que elas realmente são, algumas se mostraram ainda melhores do que eu esperava, outras bem piores.
Cansei do ar de inocência delas, da falsidade, dos truques e recalques, da falta de opinião própria, da simples tomada de partido para que não ser condenada ou condenado. Cansei de ser chamada de “amiga” quando não sou nada disso, cansei de ter que agüentar pessoas tentando me deprimir com suas grandes demonstrações de “olhe para nós e veja como estamos felizes!”, caramba, se estão felizes que bom! Eu não quero a infelicidade dessas pessoas, quero-as muito felizes e, mesmo afastada, vou comemorar cada vitória, cada passo adiante, mas o que recebo em troca disso tudo são olhares irônicos ou de “seca pimenteira”, não sei porque isso, talvez eu seja simplesmente muito ingênua, talvez eu acredite demais na bondade dos seres humanos, mas simplesmente não entendo toda essa hostilidade!
No final, nem dá pra negar que estou mais retraída agora.
Sinceramente, acho que da pra contar nos dedos de uma mão (e ainda sobram dedos) quantas pessoas eu realmente posso chamar de “amigo” na USP, mas eu sempre fui assim, afinal as únicas amizades genuínas que eu deixei aqui antes de ir para lá foram a Ludi e a Evelyn, prefiro ser assim, cuidadosa em quem realmente confio, já fui menos cuidadosa e já me ferrei mais, agora estou me cuidando melhor a cada dia e estou mais feliz.
Estou um tanto desanimada, não quanto a faculdade em si, estou muito empolgada, principalmente agora que percebi não ser o único ser apolítico do departamento inteiro (graças a Carol, que me apresentou o Rafael e o Henrique!), mas estou desanimada quanto as pessoas, quanto as instituições, quanto a quase tudo, mas pelo menos passei da fase de meter um pé em tudo, estou mais racional.
Antes eu achava que ser racional não era legal, mas vi que é legal sim, ajuda bastante a conseguir levar a vida sem ganhar uma úlcera ou ter que entrar em tratamento para controlar a agressividade, se bem que eu sou bem do tipo que só é agressiva como auto-proteção, afinal é muito mais fácil se fingir de forte que admitir as fraquezas, isso me faz um pouco mal, porque no final todos acham que sou bem mais forte do que realmente sou, mas fazer o que, se não posso confiar em todos?!
Talvez mudar de atitude, provavelmente esse é o melhor caminho, mas mudar é algo que leva tempo, de qualquer forma, já mudei tanto, em tantas coisas que nem achava que um dia mudaria, que não me importo muito em mudar nisso também.


Ouvindo: I Still Haven’t Found What I’m Look For –U2 (ainda não achei mesmo!)


P.S: Feriado chegando, vou passar quase uma semana em casa, só revendo meus amores ^^


quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Banalidades e Incomodos

Algumas vezes eu me incomodo por nada, outras me incomodo por tudo. Claro que isso depende de quem é que está me incomodando ou não, se eu gosto um pouco da pessoa eu geralmente deixo passar, se eu já tinha uma antipatia anterior, ou se é uma pessoa de quem eu gosto muito e que está fazendo algo que sabe que eu não gosto eu fico muito incomodada, a diferença é que se eu já tinha antipatia ou se eu não conhecia a pessoa eu geralmente nem falo nada, mas todo mundo percebe o clima chato que fica rondando o ambiente, já se é alguém de quem gosto muito eu geralmente sou mais clara e a pessoa fica logo sabendo que eu não gostei, afinal mesmo que eu não fale nada, meu rosto acaba demonstrando tudo!
Ontem foi um dia bom e mau, coisas engraçadas e boas aconteceram e uma coisa muito boa aconteceu, percebi que estou conseguindo não deixar que um único fato desagradável estrague toda minha percepção de um dia!
Mesmo uma menina aqui da faculdade, com a qual eu nunca fui muito com a cara, tendo assistido as duas aulas de ontem nas mesmas turmas que as minhas, ou seja, mais de 7 horas próxima a mim, se alguém me perguntar eu vou dizer que o dia foi bom!Escutando essa menina falar sobre uma professora (era impossível não escutar, eu estava na fileira ao lado e ela falava bem alto) eu me dei conta de que se tem algo que eu detesto mais do que arrogância, é falsa modéstia.
Essa garota estava criticando uma das minhas professoras favoritas, o que já me deu mais motivo para não gostar do que ela estava falando, mas ela criticava pq a professora havia passado como bibliografia para o seminário que essa dita guria deveria fazer, um livro de sua autoria e havia sido sincera "Quem mais entende e quem mais escreveu sobre esse assunto fui eu".Agora me diz, o que é que tem de errado em um profissional ser sincero quanto as suas habilidades e especificidades?! Essa professora realmente é especialista naquele assunto e acho muito justo que ela tenha passado seu livro como bibliografia se ele é o mais indicado nesse caso, seria displicencia da parte dela passar um livro menos indicado só para parecer mais modesta, afinal será que alguém iria saber de antemão que o melhor livro era o que essa professora escreveu? Acho que não.
A mesma menina estava reclamando que a professora passou uma bibliografia muito grande para ser lida para o seminário, que é para semana que vem (ou a outra, não lembro agora), mas a professora avisou que era para ir conversar com ela antes de apresentar o seminário e se o grupo dessa garota não foi conversar antes com a professora (ela atende dois dias na semana) foi pq não quis, uma amiga minha está fazendo um seminário para ser apresentado essa semana e eles poderiam muito bem deixar para só conversar com a professora um ou dois dias antes da apresentação, mas não, como essa professora já tem fama de chata no departamento, eles foram lá desde a escolha do tema, para debater direito com a professora os temas do seminário!
Custa muito se empenhar um pouco mais no trabalho?! Eu sei que meu seminário não foi o melhor do mundo e nem foi tão bem preparado assim, mas tentamos nos reunir o máximo possível com a professora e acho que no final das contas no saímos bem, mas tenho certeza que se tivessemos nos empenhado bem, o seminario seria bem melhor e mesmo que minha nota seja baixa, a culpa não é da professora e sim minha, eu tinha consciencia de estar me matriculando com um professora exigente e sabia que certamente minha média com ela não seria muito alta, mas eu prefiro assim, uma profissional exigente e que me de uma boa aula, mesmo que minha nota não seja tão boa assim!
Se você quer moleza, não é dificil ter isso aqui no departamento, escolhendo os professores certos, você se forma em 4 anos, com boas notas, mas um conhecimento medíocre, então para os incomodados, meu único recado é "Não gostou? Retifica!"

De resto o dia foi bem legal, almocei meio voando pra conseguir ir na aula a tarde, jantei super calmamente pq tinha muito tempo de sobra e ri demais na aula de metodologia com a Carol e o Rafael, além de ter tirado um Muito Bom no trabalho da aula passada e a professora ter iniciado os comentários sobre os trabalhos, justamente com o do meu grupo ^^
Tudo bem que essa professora é bem picareta, então tirar nota alta com ela não é nada difícil, mas como ela da a nota desse trabalho por comparação com o trabalho dos outros grupos e eu sou competitiva assumidamente, fiquei muito feliz com a nota!

Final de semana chegando e eu vou pra casa! O melhor é que volto na segunda a tarde, ou na terça de manhã e quinta de manha (umas 6horas) eu to voltando de novo pra casa por causa do feriado do dia 12 =)


Ouvindo: Money - Pink Floyd


Foto: Ipoméia (linda né?)

terça-feira, 2 de outubro de 2007

"You've got to get yourself together"

E assim os dias seguem, estou me sentindo melhor esse semestre, muito provavelmente porque estou estudando direito agora, eu fingia que não, mas estar levando a faculdade totalmente desleixada como eu estava fazendo no primeiro semestre fazia com que eu me sentisse mal, porque sei do esforço dos meus pais para que eu esteja aqui.
O fato de que agora estou um pouco mais habituada a ficar aqui, sentindo saudades da minha família, de ter criado um ritmo pra minha vida aqui, de ter criado pequenas rotinas para matar as saudades de tudo, também ajuda muito, talvez se eu não tivesse feito isso, acabaria mesmo desistindo de tudo aqui e arrumando um emprego qualquer na minha cidade, mas isso certamente faria com que eu me sentisse mal, como se eu tivesse (e teria mesmo no final das contas) desistido de um sonho.
Estar longe tem me ensinado muitas coisas, tem me ajudado pra caramba e tem me feito ver que eu era muito mais imatura do que sou hoje, também tem me ajudado a ver que algumas atitudes, das pessoas que me cercam, que eu achava naturais no início do ano, quando comecei a conviver com elas, na verdade me incomodam, agora eu vejo, que pessoas que eu achava que eram legais e independentes, na verdade são muito mais dependentes do que eu, que precisam de pessoas que fiquem a sua volta, olhando e aplaudindo tudo o que elas fazem, esse final de semana eu acordei para o quanto isso me enoja e o quanto me fazia mal ficar tão perto dessas pessoas.
Não sou hipocrita ao ponto de dizer que sou melhor do que essas pessoas, ou que não quero atenção também, mas prefiro demonstrar isso na cara dura e não ficar com aquele sorriso de plástico, com aquelas pequenas coisas para chamar a atenção, prefiro assumir minhas fraquezas e minha imaturidade (por mais que eu não goste desse meu lado), do que afetar uma falsa maturidade e continuar tratando pessoas que me amam e que se importam comigo, como se elas fossem cegas e idiotas.
Não sei se estou agindo certo, na verdade nem espero estar certa, não depois de todos os erros que percebi que cometi durante tantos anos, mas não consigo mais ficar tão próxima a pessoas que agem dessa maneira, estou mais disposta a usar meu tempo para mostrar aqueles que me amam, que também os amo e pedir desculpas por toda a irracionalidade já demonstrada.

Como seguem os dias, ou "A Parte Mais Bucólica do Post":
Dia interessante, apesar da minha sensação de que abusei e, portanto, minha tendinite vai dar alguns problemas essa semana =PLavei tanta roupa hoje que deu até vontade de arrumar uma máquina de lavar, mas também eu e essa minha mania de que tudo pode esperar para ser resolvido "daqui a pouco", tanto as roupas pra lavar, quanto os trabalhos da faculdade e os problemas com outras pessoas, quem sabe um dia eu aprendo de vez que as coisas não podem ser assim? Pelo menos quanto aos trabalhos da faculdade eu já estou bem menos assim, estou tentando manter os textos em dia, já apresentei um seminário (resolvi fazer logo o primeiro da turma para poder me dedicar mais aos outros trabalhos) e vou assistir a aula de história ibérica tanto amanhã a tarde, quanto sexta feira a noite porque estou pensando em fazer meu trabalho final (que é sobre um seminário de algum outro grupo) sobre o texto que vai ser apresentado amanhã e sexta...o fato de uma amiga minha estar fazendo justamente esse seminário também ajudou na escolha do tema do meu trabalho final rsrsrs
Hoje eu almocei e jantei com a Patrícia e o Nicolau, os dois fazem um dos casais mais lindos que eu já vi, adoro ver os dois juntos, é lindo de verdade ^^
A aula da tarde foi foda, mais de 10 páginas de anotações, e ainda tenho que passa-las a limpo, mas pelo menos a aula de quarta a noite é muito tranquila, então vou poder, dependendo do tamanho da minha cara de pau já que eu sento muito na frente, passar as anotações a limpo durante ela rsrsrs

Ouvindo: Original Of The Species - U2





P.S: Imagem que eu roubei do fotolog do toshiaki (http://fotolog.com/toshiaki) há muito tempo, eu adoro as imagens que ele tem, acho que já roubei mais da metade rsrsrs
P.P.S: O título é um verso da música "Stuck In A Moment (You Can´t Get Of)" do U2, eu sempre cantarolo essa música quando preciso de coragem para alguma coisa, não sei bem porque!

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Cansaço e Persistência

Cansada, muito cansada.
Meu humor está começando a ficar ruim e isso não é nada bom, visto que tenho reunião com uma professora e (supostamente) com meu grupo de seminario, ainda hoje, mas do jeito que as coisas estão indo é bem capaz deles estarem tendo reunião agora e quando eu chegar lá (no horario de atendimento da professora) eles já terem ido embora e eu ainda passar por desinformada e desinteressada para essa professora, uma das melhores do departamento, mas uma das mais bravas também...

Recebi um convite para ir visitar um dos meus melhores amigos, daqueles que eu considero como irmão sabe? Nem sei se vou poder ir, estou muito tentada a ir, mas preciso analisar bem e ver se isso não vai dar algum problema depois, porque eu tenho que ser tão cerebral assim algumas vezes? Eu sempre penso e repenso a grande maioria das minhas ações no mínimo quinhentas vezes, mas também quando não faço isso eu geralmente me dou muito mal, então talvez o negócio seja continuar assim!

Eu sempre achei que a faculdade seria difícil, mas confesso que muitas vezes ela parece ainda mais difícil, não pela quantidade de textos, não pelas exigências do curso ou dos professores, mas principalmente pela convivência com os outros alunos, convivência com outros seres humanos já é complicada, mas piora muito quando eles são extremamente fechados em si mesmos e não permitem aproximações, nem mesmo por motivos acadêmicos, ou quando estão tão cheios de si mesmos, por terem conseguido entrar na USP, afinal ela é uma das universidades mais concorridas do país...estou cansada de verdade de tudo isso e, coisa que ainda não tinha admitido para ninguém, uma das principais razões para eu ter quase desistido da faculdade no semestre passado, foi a convivência chata com os colegas de curso.
Tem tanta coisa que eu vejo aqui na faculdade e que acho errada, mas quem sou eu para falar delas? Só uma voz sozinha.
Vejo muita gente na moradia estudantil, que é supostamente para quem não tem como pagar uma moradia fora daqui, que tem condições de morar fora sim! Vejo pessoas tentando burlar o sistema de jubilamento da faculdade, passando muitos semestres a mais do que é permitido (acho que 16 semestres já tá de bom tamanho para alguem se formar, mesmo que fazendo só 3 ou 4 matérias por semestre) e muitas vezes por pura preguiça de se aplicar um pouco mais. Vejo o pessoal dos centros acadêmicos e agremiações de alunos tentando nos levar para essa ou aquela tendencia política, tentando angariar votos para políticos que não farão nada de diferente do que os que já estão na política fazem e, pior dos casos, os vejo não fazendo nada para nos ajudar, ou para ajudar qualquer um que esteja aqui dentro.
Isso tudo me deprime e me faz querer desistir disso tudo, mas preciso engolir o cansaço, o ódio e o nojo e continuar em frente, não apenas por meus pais e amigos, não apenas por mim, mas também por aqueles que dependem ou um dia virão a depender de mim. É preciso persistir, insistir, cair e levantar mil vezes e (grande diferença da menina de hoje para a de 3 anos e poucos atrás) sei que tenho ao meu lado pessoas que gostam de mim e que me darão apoio quantas vezes for necessário para que eu me reerga ou tenha mais coragem para continuar.
Assim eu sigo e vou chegar até o final, mesmo que não tenha nem idéia de onde é esse final e mesmo que tenha que passar por caminhos estranhos e amedrontadores, sei que vou chegar ao final e que não vou estar sozinha nessa caminhada.



Ouvindo: Yellow Ledbetter (live) - Pearl Jam

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Iniciando com descobertas

Eu sou uma garota que se considera até que esperta em alguns momentos, em outros, me sinto a mais burra do mundo, mas acho que isso é algo pelo que todos passamos.
Já me considerei menos comum, já me considerei mais comum, hoje percebo que muitos dos conceitos pelos quais eu olhava o mundo são validos apenas para mim e que "comum" e "normal" todos podemos ser, depende apenas do ponto de vista.
Fui mais depressiva, mais depreciativa, mais alegre, mais ingênua, mais cabeça dura, mudei muito desde que comecei a escrever na internet.
Descobri isso lendo meus antigos blogs e os primeiros posts do meu fotolog.
Por que fui fazer isso? Por que Othon resolveu ler isso tudo para tentar entender melhor a garota com quem namora e achei que seria bom relembrar tudo o que já escrevi e, muito pelo contrário do que imaginei, não senti nenhuma vergonha do que escrevi.
Não senti vergonha, porque naquele momento, aquelas eram minhas verdades, aquela era a menina que eu era. Eu olho para o primeiro post, de 6 de Outubro de 2003 e vejo a menina que eu era, ingênua? Talvez, mas ingênua, para a concepção de alguns, eu sou até hoje. Eu era menos madura, mas isso foi bom, eu vivia num casulo até aquela época e, justamente quando comecei o primeiro blog, comecei também a sair desse casulo, muito contra minha vontade no início, um pouco menos hoje, mas ainda assim, olhando pra tras eu vi que desde aquela época (e provavelmente antes também) a Vida não gosta de me ver acomodada com o que tenho, sempre que me sinto confortável com algo esse algo muda, ou eu mudo.
As últimas mudanças foram a chegada do meu sobrinho, que tirou a família inteira da modorra; a minha ida para a faculdade, que (literalmente) me tirou debaixo das asas dos meus pais; a mudança na situação financeira da família e o início de um namoro.
Sinceramente? A mais difícil dessas mudanças foi o namoro. Porque agora eu não tenho que lidar apenas com meus sentimentos, mas com o de outra pessoa também. Agora eu finalmente estou vivendo algo que já começava a achar que não havia sido feito para mim, estou com alguém que gosta de verdade de mim e de quem eu gosto de verdade também.
Acabei de passar pela primeira crise desse namoro, com certeza não vai ser a última e, talvez, ainda nem tenha passado totalmente, mas gostei de ver como consegui lidar, mas apenas por ter contado com a ajuda de alguns amigos e principalmente do meu pai, por essa crise.
Descobri muita coisa com essa crise, que sou mais amada do que imaginava e por mais pessoas do que imaginava, que sou menos complicada do que pensava, que os homens podem ser mais complexos do que eu achava e que eles podem muito bem ter atitudes sinceramente romanticas, que me levam a beira das lágrimas e que eles podem esconder essas atitudes por meses. Descobri que os conselhos são muito úteis sim, apesar da maioria das pessoas dizerem o contrário e descobri, principalmente, que tenho um namorado que realmente me ama e que pensa em mim muito mais do que demosntra, mas que disse que vai tentar demonstrar mais a partir de agora, mas talvez o realmente principal disso tudo foi que descobri que meu pai se importa, e muito, com minha felicidade e que ele até é capaz de puxar as orelhas de um rapaz que ele nem conhece direito, só pra me ver melhor.
Realmente, eu sou mais amada do que imaginava e, talvez (só bem talvez mesmo) a única coisa da qual eu devo me envergonhar depois de ler meus blogs antigos, é de não ter notado o quanto eu era amada já naquela época, talvez se eu tivesse notado isso antes, tivesse conseguido mostrar mais meu amor por aqueles que me cercam, mas antes tarde do que nunca não é mesmo?


Ouvindo: Cant Stand Me Now - The Libertines