domingo, 25 de julho de 2010

Sobre decepção




As vezes eu acho que ainda tenho cinco anos, porque quando me dizem que vai acontecer tal coisa (seja um eclipse total do sol, seja uma voltinha no quarteirão) eu fico esperando, ansiosamente, e quando não acontece o que foi dito eu fico decepcionada, muito decepcionada.
Eu tento me educar e me conscientizar para o fato de que as decepções fazem parte da vida e que eu já devia ter me acostumado com elas há séculos, mas não consigo, porque em parte eu ainda sou uma criança que acredita na palavra dos outros.
O maior problema que isso me traz é que, com o passar do tempo, se a pessoa continuar me frustrando eu perco a confiança no que ela me fala e é essa a pior parte, porque a partir desse momento, podem me falar o que for, que eu vou ficar com a pulga atrás da orelha. O ruim é que pra me decepcionar não precisa de muita coisa, basta me dizer que vai ligar e não ligar, ou que vamos fazer uma determinada coisa e depois cancelar bem em cima da hora, ou pior, nem me avisar que foi cancelado.
Quando me decepcionam eu fico frustrada e extremamente triste, principalmente se for recorrente, mas como eu odeio deixar que alguém veja que me magoou eu rapidamente transformo a tristeza em raiva, ironia e muita acidez, talvez por isso seja tão difícil notar quando eu fico magoada com alguma coisa.
Outra “arma defensiva” que eu criei com o passar do tempo é sempre achar que as coisas vão dar errado, partir do princípio que não vão gostar de mim ou que na hora “h” vai ser tudo cancelado. Como me disse um amigo da faculdade esse é um mecanismo pra evitar a frustração e eu devo dizer que funciona muitíssimo bem, obrigada. Algumas pessoas vêem nesse mecanismo o inconveniente de eu ser uma pessoa pessimista, mas convenhamos, partir do princípio que tudo vai dar errado é melhor porque você já sai preparado pra decepção, então se as coisas derem certo, mesmo que bem pouco certo, você já sai ganhando.
E quando se tem o tipo de reação a decepção que eu tenho, essa é com certeza a melhor saída.