quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Eu não sou um bom lugar

Estou cansada, muito muito muito cansada.

De representar direitinho meu papel, de tentar ser boa, de tentar sempre sorrir, de ser o porto seguro de tanta gente, das pessoas me considerarem mais forte do que eu sou, de lutar contra tudo o que ainda mora dentro de mim.

Eu já não consigo mais diferenciar direito aquilo que eu realmente quero pra mim, daquilo que as pessoas exigem de mim.

Só queria parar tudo isso, puxar o freio de mão e largar a direção e se bater...bateu e pronto, sem preocupações maiores.

Não quero mais fingir que está tudo bem, não quero mais guardar os segredos de ninguém, meus próprios já são numerosos demais.

Achei que nunca mais ia sentir toda essa dor, esse desespero e essa solidão, mesmo cercada de gente, mas sinto ainda tudo isso, talvez agora de uma forma pior do que antes, porque tenho consciência de ser uma solidão voluntária, porque já provei pra mim mesma que não adianta tentar, dificilmente alguém entende a dimensão que os problemas tem pra mim, mesmo que para os outros, sejam pequenos.

Eu só queria poder desistir, largar mão de tudo isso e parar de seguir em frente, deitar minha cabeça em algum lugar, fechar os olhos e simplesmente deixar tudo passar, quem sabe assim o mundo esquecia que eu existo e, pelo menos, as pessoas que eu amo não se ressentiriam com minha ausência.

É só que eu sou muito mais frágil do que eles pensam, muito mais carente do que eles imaginam e choro muito mais vezes do que eles sabem. O ar falta, as pontadas doem, mas ainda assim eu fico ali, em pé, tentando não cair mesmo sem ter onde me apoiar.

Meu sonhos, eram mesmo meus? Os planos, fui eu quem os traçou ou simplesmente deixei outros fazerem isso sem que eu notasse, por meio de conselhos? Até onde eu fui porque realmente queria e a partir de onde segui só para não ser acusada de covardia por aqueles que não conhecem meus limites? Meu medos, eram meus ou me foram impostos?

Já não sei mais quem realmente sou, eu não era tão amarga, eu não era tão cínica, eu não mentia, nem para poupar aqueles que eu amo, no que foi que eu me transformei?

Cadê minha risada simples? Agora apenas crises histéricas de riso, que simplesmente escondem todos os sentimentos ruins.

Cadê minha vontade de fantasiar histórias? Cadê minha imaginação infantil?

Cadê minha vontade de ficar simplesmente sentada na sombra, olhando o vento brincar com as árvores? Agora apenas ficar trancada, isolada da natureza, olhando paredes estranhas e lendo sobre coisas estéreis.

Onde foram parar minhas canetas e meus papéis? Faz tanto tempo que não desabafo.

Onde se escondeu minha naturalidade e falta de vergonha de chorar? Agora seguro as lágrimas para ninguém ver, nem mesmo eu.

Onde é que eu estou? No que é que me transformei? Ainda tem volta? Ainda tem saída ou eu só vou cair cada vez mais?



Texto do tipo que eu não queria mais escrever quando iniciei o blog, queria algo novo, sensações e vibrações melhores, nem usei o tipo de template sombrio que usava antes, peguei um rosa porque achei que tinha mais haver com meu clima, mas acho que não dá pra fugir do que está dentro de mim. É como eu disse uma vez “Eu sei que não estou curada, só mantenho o monstro sob controle”, mas será que valeu realmente a pena mantê-lo sob todo esse controle por tanto tempo?
Só espero que Othon tenha perdido definitivamente o endereço desse blog.

P.S: O título é o mesmo de uma música dos Titãs, a letra dela não tem muito haver com o texto, mas o título é algo que vive rondando minha mente esses dias...

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