sábado, 13 de outubro de 2007

O tempo passa...

Pois é, o tempo passa, pra todo mundo, em qualquer lugar, mesmo que tentemos lutar contra, ele acaba passando, inexorável, sem deixar sequer espaço para alguma tola tentativa de segurarmos ele.
O tempo passa e um dia percebemos isso, pode ser ao olhar uma velha caixa de recordações, ao abrir o pote de biscoitos e percebermos que estão todos murchos, ao encarar uma tia que não vemos há muito tempo e percebermos as marcas da idade nela.
Tem horas em que eu odeio que o tempo passe, tem horas em que adoro, mas geralmente eu me assusto com a rapidez com que ele passa e com que eu estou crescendo.
Fui ontem visitar meu ditchan e foi estranho vê-lo já em idade tão avançada, talvez seja só porque fazia semanas (ou meses?) que não o visitava, talvez porque de alguma maneira estranha ele envelheceu mais nesses dias, mas sei que finalmente me dei conta do peso dos 81 anos dele, finalmente me dei conta de que não vou ter sua presença perto de mim para sempre, mas pelo menos descobri, pelo brilho nos olhos dele, o orgulho que ele está sentindo de mim, mesmo que tudo o que estou conquistando não esteja deixando muito tempo para ele na minha vida, mesmo que agora nossas conversas, que já eram raras nos últimos tempos, tenham rareado mais. Ainda não tinha me dado conta da magnitude da importância que orgulha-lo, tem para mim, talvez seja só porque eu sou muito apegada a minha família, talvez seja só porque ele é que ficou inúmeras vezes me falando que para ser alguém na vida eu tinha que estudar bastante, talvez seja só porque eu herdei alguns dos dons dele, não sei porque, mas saber que ele sente orgulho de mim foi uma das coisas mais legais que me aconteceram.
Depois de conversarmos um pouquinho, fomos andando até o refeitório do asilo onde ele mora, ele andando lentamente com o andador e eu do lado, com a mão nas costas dele, como sempre faço, foi ali que me dei conta de como ele está ficando encurvadinho, ele não tinha uma coluna muito reta porque sempre trabalhou na terra e passava muito tempo curvado, mas agora ele está mais encurvado do que antes e naquele momento eu me lembrei da primeira vez que eu percebi que estava mais alta que minha batchan, eu devia ter uns 10 anos, acho que ali foi a primeira vez que eu percebi que estava mesmo deixando a infância pra trás, exagero achar isso aos 10 anos? Talvez, mas eu sempre fui assim mesmo, exagerada e isso é algo que tempo algum vai conseguir mudar em mim!


Ouvindo: Conta Outra – Maria Rita




P.S: Se você não percebeu a ironia da última frase o post perdeu metade do sentido =P

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